agosto 24, 2004

Baixa auto-estima no caso Daiane dos Santos.
Como qualquer ser humano nascido no Brasil mal e porcamente informado sabe, Daiane dos Santos era a principal esperança de uma medalha (de ouro) nas Olimpíadas. Era.
Ela treina desde criança, é profissional, sabe melhor que ninguém as regras da competição e, principalmente, como é feita a pontuação das atletas. Esse ponto que ela deveria olhar com atenção e carinho antes de começar sua apresentação a final.
Até eu que não acompanho esse esporte sei que os juízes privilegiam a perfeição dos movimentos no lugar da ousadia, uma série conservadora bem executada tem pontuação muito mais elevada do que ousadia com imperfeições. Daiane é hoje uma das melhores gisnastas do mundo, na parte técnica, a parte física está prejudicada pela operação recente no joelho.
Eu me pergunto se ela não teria mais chances com exercícios que exigissem menos do joelho dela - foi na hora da queda dos dois primeiros exercícios que ela perdeu pontos preciosos - e que ela pudesse executar mais perfeitamente, como os juízes gostam. É uma idéa. Passou na cabeça dela e do técnico.
O problema que Daiane é brasielira. E, para o Brasil, não importa só ganhar. Só ganhar não tem graça. Temos que provar que somos merecedores, temos que dar espetáculo. Entre espetáculo e vitória sempre escolhemos e escolheremos o espetáculo. Nisso Daiane foi brasileiríssima.
Acho que se ela ficasse com o ouro com uma rotina mais conservadora seria criticada. Criticada como a seleção de 94, campeã do mundo jogando pra vencer. Sinônimo de mal futebol. Mal futebol campeão do mundo.
Agora Daiane vai ser uma heroína, um símbolo nacional. Ela tentou fazer bonito. Perdeu feio, mas tentou fazer bonito. Ela é o símbolo de uma país que prim mais pelas intenções do que pelos resultados. Temos que melhorar nossa auto-estima urgente.