abril 04, 2007

O egoísmo do silêncio.

Praticamente toda minha vida fui forçado a andar de transporte público. Ônibus, trens, vans, nada disso era problema, desde que chegasse rápido no lugar onde eu queria ir. Viajei várias vezes em pé, espremido entre outras pessoas, no calor, parado em engarrafamentos e nunca liguei muito. Não tinha opção mesmo.
Com algum esforço consegui, uns 3 anos atrás, comprar um carro.
Nunca mais consegui conviver com transporte público de novo. O que me incomoda hoje nem é a falta de conforto, a demora. O que me incomoda são as outras pessoas. Odeio que fiquem esbarrando em mim, puxando assunto comigo. No máximo um "bom dia" ou "pode me informar as horas?". Nada mais. Não quero saber da vida, ou melhor, dos problemas - já que gente assim só sabe falar de problemas e fazer fofoca - de ninguém. Quero viajar em silêncio. Só isso.
Essa é a vantagem do carro, é por isso, e apenas por isso, creio, que cada vez tem mais carros na rua e os carros estão com cada vez menos pessoas. Muitas vezes, dirigindo, é o único momento onde encontramos paz na atribulação da rotina. Não dá para desperdiçar.
O trajeto casa-trabalho sem ninguém falando, sem família aborrecendo e muito menos desconhecidos enchendo o saco passa a ser a hora mais feliz do dia.