agosto 31, 2004

Vidas paralelas se encontram no infinito.
E se existissem universos paralelos, mas não universos com nossas cópias. Universos com seres únicos e vidas independentes que estariam ligados aos nosso apenas por clarões e visões que chamamos inspiração. E se a inspiração para uma novela, um roteiro de filme ou um livro forem personagens reais, mas de outro universo. O autor visnumbraria um pedaço da história pessoal do cara, seus amigos, amores e desilusões e, a partir daí, cria um nova história.
Essa pessoa, que vivia sua vida de forma independente de repente é abandonado por sua esposa, traído por seus amigos. Sua vida se torna um caos. As pessoas a sua volta são jogadas em dramas pessoais. Parentes morrem e aparecem, casamentos se desfazem, filhos nascem e com eles trazem dúvidas sobre maternidade.
Passado alguns meses de sua história representada, de sua vida nas mão de outros que nem deconfiariam da sua existência, essa história é abandonada. Ele retoma o controle não de sua vida, mas da vida de um personagem que deveria ser fictício. Tem agora o total controle de uma vida modificada, uma vida totalmente diferente da anterior. Novos amores, novos inimigos, nova classe social. Tudo o que tinha foi perdido e reconstruído num espaço curtíssimo de tempo.
Como fica a cabeça dessa pessoa? E a saudade dos entes queridos que não estão mais com ele, com é que fica? Como uma mente pode suportar isso?
Enquanto que, do lado de cá, a nossa (?) vida continua, continuamos nos divertindo vendo a desgraça instalada na vida dos outros e nos divertindo com isso, para nós é só entreterimento. Que mundo cinza vivemos? Para que precisamos de outro mundo, um mundo onde heróis e vilões têm papel bem definido, um mundo onde tudo é muito mais colorido para podermos ter alguns tons sobre nossas vidas cinzas? Que desespero cinza silencioso é esse nos levando a achar divertido pegar uma vida e virá-la de cabeça pra baixo apenas por diversão? Por que não paramos, por que deixamos que esse controle vire um vício?
Muitos acham que é apenas ficção, apenas inspiração, mas de onde vem essa inspiração toda, com nomes, sobrenomes e persoalidades definidas e únicas? Cidades inteiras com histórias de lutas, amores e vingaças poderiam ser apenas produtos de uma mente imaginativa?
Eu duvido.