abril 24, 2005

Bento XIV.
Me surpreende o alarde que estão fazendo sobre o novo Papa. Nem falo da imprensa que cumpre a função dela revirando toda a biografia do homem, a ponto de descobrirem que ele pertenceu a juventude hitlerista e ao exército alemão durante a Segunda Guerra, tendo desertado às vésperas da queda de Berlim. O Brasileiro Dom Hélder Câmara foi integralista depois de adulto e ninguém diz nada. Até aí tá zero a zero.
Agora o alarde feito pelos católicos em torno do Bento XIV é algo que beira o fanatismo cego. Agem e comemoraram a eleição de um cardeal da corrente mais conservadora da Igreja como se le fosse o homem incubido de cateczar toda a humanidade ao catolicismo. E a humanidade fosse aceitar essa catequese de bom grado.
Sendo que eu não sou católico, por que então eu me preocupar com o novo Papa? Será porque eu moro no país com a maior população católica (praticantes ou não) do mundo? Um lugar onde até um candidato a presidente ateu (FHC) teve que se decalar católico para ser eleito? Um país onde o terceiro homeme na linha de poder, o presidente da câmara, é um carola roxo que se orgulha de só ler jornal para saber se estão falando mal dele e que tem como conselheira uma filha estudada (fez faculdade)? Quem, eu me preocupar?
Gostaria de acreditar que moro em um estado Laico, onde cidadãos são iguais, independente da religião. Mas na verdade não é isso, qualquer assunto de importância para a população tem que ser obrigatoriamente discutida com representantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que se preparam para as discussões com uma papelada do vaticano debaixo do braço e um monte de citações bíblicas fora de seus contextos (Vide Salmos 137:17) para discutir assuntos criminais, sociais e científicos.
Tudo bem, eles defendem a fé deles. Concordo e lutarei pelo direito que eles possuem de orientar - orientar, não é obrigar - seus seguidores a agir de acordo com esses parâmetros. O problema que a população aqui não é 100% católica. Nem mesmo é 100% cristã. Tem gente que enxerga o mundo com outros olhos, que têm outra visão crítica.
Defendo a liberdade de culto. Mas antes, defendo a liberdade individual, cada um pode ter a religião que quiser, desde que não afete outrem. No momento em que esse bando de fanáticos se metem na minha vida forçando a aprovação ou a não aprovação de leis somente baseando-se em preceitos religiosos eles estão ferindo minha liberdade de culto. Quero viver minha vida de acordo com que eu acredito, não com que eles acham que eu devo acreditar. Isso é a liberdade individual que as leis deveriam garantir.