abril 24, 2024

A Arte de Fingir que está Tudo Bem.

Algumas vezes as pessoas nos levam a mudar o jeito como as vemos e a forma como queremos estar próximos dela. Nos afastam com um tranco que, como o susto, demoramos a ficar equilibrados de novo, com olhos arregalados e piscando incrédulos. Nesse momento temos que tomar um decisão definitiva. Decisão difícil de tomar e mais difícil ainda de manter. O tempo passa e às vezes fingimos esquecer, ainda mais quando tem que haver uma convivência indesejada, mas inevitável. Mas quando o que era para ter sido uma exceção se torna uma regra, a decisão de afastamento intempestiva toma a forma de uma certeza inexpugnável.

O problema já dito anteriormente é quando as circunstâncias não permitem o afastamento, aí vestimos não só uma máscara, mas toda uma fantasia e fingimos que está tudo bem, com comprimentos e sorrisos engessados, com perguntas vazias e assuntos inócuos, sem nunca realmente falar de algo relevante para nós ou para o outro.

O problema começa de verdade quando somos tão bons em fingir que as pessoas não percebem e passam a acreditar que está tudo bem. Costumo repetir duas coisas, as saber: "não é porque eu não estou reclamando que está tudo bem" e "se preocupe quando eu não reclamar mais". Como de costume, ninguém presta atenção. 

Chega um ponto onde não queremos sair do afastamento que conseguimos e continuam nos puxando para dentro, como se ainda quiséssemos saber, como se ainda nos importássemos. Não, não quero saber, não me importo. E se não fosse por outras circunstâncias, já teria cortado definitivamente o assunto desde sua origem e toda vez que ele ameaçasse aparecer.

Já que eu fui afastado, hoje eu só quero ser deixado o mais longe que eu puder.