Lembrança.
Faz 33 anos hoje. Passa rápido, o tempo afasta a sensação mas ela ainda está lá, sempre vai estar. Não que diminua, ou fique menos intensa, ou seja absorvida pelo vazio da ausência, ela ainda está lá tão forte e intensa como ontem. Só que estou mais acostumado.
Todo ano nessa data, pelo menos uma vez por dia, vem a lembrança que fica discretamente escondida os outros 364 dias no ano. Aparece de repente como uma visita inesperada na hora que estamos quase saindo de casa e se instala, se recusando a ir embora.
A lembrança de como eu sabia que um dia aconteceria, que estava próximo e acelerando e mesmo assim eu sempre achei que teria mais tempo, mais uma semana, mas um dia. Tentava ignorar o inevitável, até que o inevitável aconteceu.
Lamento hoje não ter me despedido dignamente, ter deixado para o dia seguinte, o dia seguinte veio, e eu não tinha mais para quem me despedir.
O bom que logo isso que sinto vai embora.
Até ano que vem.
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