abril 28, 2007

Falta do que Fazer.

Às vezes me pego desejando a vida que algumas pessoas têm. Parece um vida perfeita, sem problemas nem preocupações. Uma vida tão enfadonha que esses pobres infelizes criam uma grotesca necessidade de tomar conta da vida dos outros. Como não têm problemas reais, vivem num mundo perfeito, precisam se compadecer do sofrimento alheio, precisam jogar sobre seus ombros um manto heróico e levar a luz prórpria da sabedoria (a luz própria deles, não a da sabedoria, que fique claro) ao não-iluminados. Uma missão honrosa, com certeza.
Mas, pensando bem, eu não sei se realmente quero uma coisa assim para mim. É triste não ter perspectivas, planos ou ambições, é deprimente precisar de outras pessoas, de problemas de outras pessoas, da vida de outras pessoas para se sentir vivo. Nao sei se gostaria de, no final dos meus dias, olhar para trás e constatar que a vida passou por mim, e não eu pela vida.
Prefiro, sem dúvidas, meus problemas, preocupações e frustrações. Meu ego se infla - involuntariamente - sempre que alguém se incomoda por eu ser apenas... eu. Principalmente quando se incomodam a ponto de se aborrecerem. As explicações pseudo-psicológicas e pseudo-filosóficas para o que eu falo ou faço, a dúvida se eu falo tudo mesmo 100% sério ou não me diverte.
Sou vaidoso em algumas poucas coisas, mas saber que têm pessoas que para mim são insignificantes a ponto de eu nem saber ou lembrar o nome, o rosto e muito menos de onde posso conhecer mas que se preocupam com o que eu sou (mesmo que tenham inveja ou se irritem com isso) me envaidece a ponto de eu exagerar alguns defeitos só para dar um gostinho a mais desse povinho primitivo de se preocupar comigo.