abril 09, 2009

I Love it Loud!

Existem certas obrigações que temos que fazer, uma vez na vida ao menos, antes de morrer para chegar do outro lado com a consciência tranqüila. Cada um tem um Meca pessoal. Ontem eu fui à minha.
Algumas coisas, durante essa peregrinação, nos perseguem, lembranças esquecidas aparecem como as vivenciamos no momento em que ocorreram. Ainda lembro de um domingo, no início de 1983, na época que o Fantástico era pertinente, uma reportagem especial sobre uma banda que estava vindo ao Brasil pela primeira vez. Lembro de ver um quarteto com rosto pintado e roupas estravagantes tocando uma música alta, pulsante, agressiva. Lembro do quanto eu quis ir a esse show sem ter nunca ouvido outra música dessa banda.
Eu tinha seis anos e meus pais, ainda que eu pudesse ir, consideravam rock and roll coisa do Diabo.
O clipe de I Love It Loud me mudou para sempre. Comecei a querer saber mais sobre aquela banda e aquele tal de rock and roll. Daí foi um pulo para conhecer Iron Maiden, Black Sabbath, Deep Purple. Tudo o que sou hoje, meus gostos, minha personalide, a maneira como penso e enfrento meus problemas se deve àquele domingo, àquele clipe, àquela música.
Ontem estive em Meca. Minha Meca foi na Praça da Apoteose, um reduto do samba que por duas horas virou terreno sagrado do Rock and Roll. O Kiss estava lá, as roupas, as botas plataformas, a maquiagem, os fogos e a pirotecnia. Tudo o que em outras bandas, outras pessoas seriam motivo de risos e que neles fica especial. Cada música, cada firula estava perto do paraíso. Cada fã que passava com o rosto maquiado como a banda estava, comigo, às portas do paraíso.
Finalmente vi e ouvi I Love it Loud ao vivo. Estava lá... estava lá... não há palavras que possa explicar o que eu estou sentindo agora nem o que eu senti na hora.
Missão cumprida. Já fiz o que eu queria fazer na vida, o que vier é lucro.