janeiro 04, 2018

Leitura difícil.

Ainda estou no início, ainda não li dez porcento da obra, mas estou a cada página, a cada parágrafo mais fascinado pelo livro O Arquipélago Gulag. Um livro infelizmente desconhecido do grande público brasileiro, mas por ouvir insistentemente no podcast do Senso Incomum referências a ele, tive a curiosidade despertada, pedi e ganhei como presente de Natal (obrigado, sra. Rocha).
Está sendo uma leitura muito difícil, tanto pela tradução (uma mistura de Português do Brasil, com Português de Portugal, como nomes traduzidos que dificultam a localização e reconhecimento dos personagens reais), quanto pela tristeza, angústia, medo e, principalmente, resignação com que foi escrito. Em linguagem técnica e monótona, como um relatório de produtividade, a história que conhecemos por alto é contada em detalhes por quem a presenciou. Aquelas coisas que parecem filmes de espionagem, mas que sabemos e tentamos ignorar, contadas como aconteceram e na quantidade que aconteceram choca mais por um relato propositalmente desprovido de emoção.
É um livro duro para quem gosta e conhece um mínimo de História, é uma leitura que eu, que gosto de ler, estou tendo uma baita dificuldade porque me esgota emocionalmente. Me deixa triste e revoltado. Me deixa temeroso porque ainda tem gente que defende que isso aconteça de novo, gente que eu conheço e que até está no meu grupo de amizades, apesar disso tudo.
Não posso dizer que recomendo o livro, mas gostaria que todos lessem para aprender um pouco mais do que querem esconder da gente, queria que todos soubessem que milhões de pessoas não podem ser resumidas a uma nota de rodapé de um livro de Ensino Fundamental.
Vai ser um livro que eu vou penar, mas tenho certeza que lerei mais de uma vez e corre o risco de substituir 1984 como meu livro preferido. Vivemos num mundo Orwelliano e  Kafkaniano e isso não é nada legal.