Retroceder nunca.
Então a gente passou mais da metade da vida em um lugar confortável, não iria sempre, mas estava lá sempre que podia. Anos a fio, feliz ou triste, era catártico. Salvava a semana ou o mês, purificado por aqueles momentos. Era um lugar físico, não mental.
Hoje, por motivos alheios a nossa vontade o lugar confortável vira um inferno antes e depois. O durante, a catarse, quase não vale mais a pena. O simples pensamento queima uma raiva indescritível interna, o coração pesa e se aperta, tentando se implodir. Os motivos? Inexplicáveis!
Por um tempo havia esperança de voltar a ser como era, dos bons momentos. Hoje sei que não há a menor possibilidade disso acontecer e, surpreendentemente, traz uma sensação indescritível de alívio. Quando a desesperança se instala, quando não se tem nada a perder, vemos que não há justificativa para a inércia. Render-me ao que eu não gosto e perpetuar o incômodo? Nem se minha vida dependesse disso.
Se o Inferno está à frente e já estamos nele, só resta atravessar e é isso que será feito. Lava e enxofre não me assustam, dores condicionam, feridas cicatrizam e as cicatrizes são o que deixa a pele mais forte. E quando o mesmo lugar voltar a ser confortável, e será, haverá um Inferno inteiro entre onde eu estiver e quem me trouxe até o início da não desejada jornada.
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