A realidade anda para nossos planos.
Abri mão de muita coisa almejando em ter alguma liberdade quando chegasse na idade adulta. Poderia ter seguido e conseguido tudo o que quis na época quando queria e eu teria a mesma liberdade que eu não tenho hoje.
Se me arrependo? Não, nem um pouco. Não estava pronto na época e quando achei que estaria pronto já não queria mais, melhor assim.
Mas hoje toda vez que eu tenho que abrir mão de alguma coisa que eu quero, de algum conforto que eu possa ter, eu me desespero. E isso é quase toda semana, mais de uma vez por semana. Eu nunca posso nada, eu nunca faço nada com tranquilidade, eu nunca posso apenas ficar onde eu estou, sou sempre arrastado de volta para onde eu nunca quis estar.
E o Tempo passa.
Cada vez mais rápido.
O Tempo não espera por ninguém.
Eu apenas não tenho mais esperanças ou motivação, planos atrás de planos sendo adiados, cancelados. Pessoas se afastando porque eu não posso, apesar de querer, acompanhá-las.
Quando a gente não pode fazer o que lutou tanto para poder fazer não se tem mais nenhuma motivação para fazer o que precisamos na nossa rotina, ficamos apáticos, sem objetivos ou ambições, apenas sobrevivendo e vendo o tempo passar e vendo os efeitos do tempo em mim e vendo que não tenho forças para diminuir esse ritmo e vendo... uma espiral descendente aparentemente infinita.
Quando eu abri mão de tudo, de pessoas, de sonhos, inclusive do sonho de outras pessoas eu não esperei nunca chegar em lugar nenhum.
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