Respirar e seguir.
Quase todo mundo que já teve um mínimo de convivência comigo já deve ter ouvido eu falar que acho inútil a necessidade do tal do desabafo e dizer o porquê. Se você não convive, explico: ao contar nossos problemas para alguém que se importa você só vai deixar essa pessoa pesarosa e preocupada, ao contar para alguém que não se importa, você só vai aborrecê-la e entediá-la.
Esse pensamento é quase um mantra para mim, mesmo para aqueles coitados privilegiados com os quais eu tenho uma maior intimidade. Meus problemas eu guardo para mim.
Não me arrependo dessa escolha em nenhum momento, decidi mostrar sempre minha melhor versão, meu melhor estado de espírito para quem naquele momento estiver próximo. Meu pior, meu desânimo, meu... isso eu guardo pra mim, tento esconder até de mim.
Ser sozinho não é o problema, estar sozinho às vezes é.
Desenvolvi uma atitude mental de colocar problemas em segundo plano quando não estou na posição de resolver ou, pelo menos, amenizar suas causas e consequências. Uma vez feito isso, saio todo dia, vejo um inúmero grupo de pessoas e pareço sempre o mesmo, rindo, despreocupado, como se a minha vida funcionasse como deveria funcionar.
Melhor assim que toda vez que encontrar alguém ter que dar um relatório sobre como as coisas não andam, como os problemas não se resolvem, como as situações ruins se acumulam e não dão uma mínima possibilidade de eu sequer colocá-las em fila para tentar resolver.
Não sei quantas pessoas eu conheço individualmente, ou a quantos grupos sociais pertenço, mas sei que para cada um deles eu sou uma pessoa diferente. É uma rotina de uso de máscara social que, quando estou sozinho e finalmente posso libertar meu rosto e me olhar, eu muitas vezes não me reconheço.
Está chegando o dia que vou ter que usar essas máscaras até para mim.
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