agosto 18, 2022

O fim às vezes não é derradeiro.

"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe."
Charles Chaplin

O ciclo é claro, óbvio e inevitável: tudo que começa, termina.

Única coisa que varia nesse ciclo é a velocidade com que o término chega, alguma vezes chegam de forma abrupta, com um catástrofe ou um evento caótico, outras vezes o declínio e lento e acelera no final mas, a maior parte das vezes o declínio começa rápido e quando chegar perto do fim fica simplesmente para e continua como uma função matemática que nunca toca o eixo X. É o pior dos mundos.

Quando estamos nesse ponto tudo que desejamos é que o fim chegue logo, que tudo termine e que esse fim, por pior que possa parecer, seja libertador. É o que queremos, é o que eu quero. É o que eu preciso. Esses momentos antes do final, que podem ser dias ou até anos, é angustiante. 

O tempo passa, as portas se fecham enquanto estamos presos a situações que não vão ser consertadas, que não vão melhorar. O mundo vai ficando menor, claustrofóbico, as horas passam, os dias passam mas o tempo não é suficiente. Obrigações se empilham, soterram. O alívio é interrompido com alguma demanda que não é nossa, às vezes nem é iniciado, já que vai ter que ser interrompido antes de ter a chance de se completar.

Os dias passam, o reflexo no espelho envelhece, perde o brilho, a vitalidade, esmaece até uma palidez mórbida e sem vida, seguindo a existência para cumprir as obrigações. Sem fogo, sem desejo, sem planos ou objetivos, apenas um dia atrás do outro, aspirando para que nada mude uma rotina que há muito machuca e impede a cicatrização.

Por muitos motivos, o maior sendo apenas orgulho de uma força que não está sendo suficiente, desistir não é opção. Transparecer, menos. Ajuda, impossível. E com isso continuo sorrindo como se nada tivesse acontecendo, vivendo uma vida perfeita que alguns desejariam obter. Pobres ao desejar isso, espero que não obtenham o que desejam.

Falar não resolve o problema. Escrever também não.

Mas ao escrever há a remota chance do registro ser o suficiente para afastar o problema e ele passar de tragédia à comédia.