fevereiro 23, 2023

Dissociação.

O problema em ser dissociativo é conseguir e, às vezes, até preferir conviver com situações opostas que nunca chegarão a um equilíbrio. Como um pêndulo de moto perpétuo, cada momento está em um extremo e nunca nem passa pelo repouso.

Ou estou sendo jogado em uma direção ou na outra e, nas raras vezes que já me senti chegando próximo ao repouso a (quase) inércia foi violada como se eu não quisesse ter mais nenhum controle sobre o que estava acontecendo quando eu apenas estava próximo de uma situação de paz.

O problema recorre quando precisamos ir em duas direções diferentes e isso acaba sendo reconfortante porque podemos chegar a dois objetivos concorrentes ao mesmo tempo o que, teoricamente, seria impossível. No fim, acaba sendo tranquilizador como um prêmio de consolação, mas, por outro lado, há uma frustração de não ter o prêmio total em nenhum dos casos.

Por ser, acredito, algo tão paradoxal e raro pouca gente percebe que o processo começou a acontecer e está pegando cada vez mais velocidade. Quando perceberem, já vou estar longe o suficiente, em vários lugares, em direções completamente opostas, impossíveis de alcançar, sem vontade de ser alcançado.

É tragicamente engraçado porque não quero, nunca quis em todas as vezes que aconteceu, nada disso. Apenas sou obrigado a seguir. Me aproximar ao máximo enquanto estou me afastando de maneira inexorável e contínua.

Uma vida baseada em "O que eu posso fazer agora? A decisão final não foi minha".