Coisas que não gostamos de não fazer.
"Ser legal é ser Otário" - George Orwell.
Não, a frase não é dele mas caberia perfeitamente na coletânea de paradoxos que servem de propaganda para 1984, o livro.
Digo porque mais que nunca quando a gente quer ser tratado com um mínimo de respeito e consideração não podemos nunca agir de maneira que a outra pessoa se sinta confortável. Não podemos fazer um favor, um carinho, dar um sorriso às vezes. Precisamos o tempo todo medir o que podemos fazer pelo que recebemos de volta, mesmo as pequenas coisas, mesmo os menores favores. É estressante.
Costumo dizer que temos que fazer as coisas pelo quão certo elas podem ser, não esperar nem gratidão nem reciprocidade, mas tudo tem limites. Enquanto está no zero a zero ok, é frustrante mas pelo menos não não ficamos no prejuízo. O problema é o abuso, quando o favor vai nos custar tempo, o mais caro dos bens, e no final vai só reforçar uma situação que nos incomoda profundamente a resposta tem que ser um seco, definitivo e sonoro não. De um jeito não haja menor brecha para insistir no assunto.
O problema é que minha natureza é ser legal, ou seja, ser otário. Fico pensando em quão bobo o favor é, em quão pouco me tiraria da rotina e me sinto mal, infeliz em não fazer. Por outro lado, chegou a hora, até já passou da hora de deixar bem claro que a falta de consideração e respeito chegou num ponto onde não há mais volta. Não fico bem com isso, mas não tenho um pingo de arrependimento. Em mil chances, escolheria mil vezes a mesma coisa.
Não fui eu que trouxe até esse ponto, pelo contrário, eu fiz tudo para evitar.
Agora é esperar as consequências que virão como uma bola de neve descendo a montanha, e essa foi só a primeira pedra. A vila lá em baixo já está condenada.
Uma pena.
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