julho 09, 2012

Seria mais fácil se eu acreditasse.

Quando eu comecei o texto anterior queria falar desse assunto, mas após a introdução, pois não queria começar o texto "do nada", achei que ficaria muito extenso para internet e decidi falar de outro assunto. Agora vou à segunda parte.
Vejo muita gente hoje, principalmente adolescentes, se dizendo Ateu ou Agnóstico como forma de revolta, de enfrentamento aos pais e à sociedade que eles foram doutrinados como sendo coisas más. Acho legal e bonito essa revolta ingênua, essa confiança em mudar o mundo antes de saber o quão difícil é mudar nossa própria vida. É bonito nisso num adolescente de 14 anos, ridículo num adulto de 30.
Não joguei fora minha fé, se é que tive um dia, ela apenas foi enfraquecendo com o tempo até que resta menos que uma pálida lembrança de quando eu, mesmo fazendo minha parte, ficava me culpando como se todas as coisas que deram errado na minha vida tivesse sido punição por algo que eu fiz, deixei de fazer, pensei ou deixei de pensar. Ficava com aquela paranoia cristã de culpa, servilismo e impotência enquanto as coisas simplesmente não funcionavam.
Enquanto isso via todo o tempo pessoas que faziam deliberadamente coisas "más", que "pecavam" se darem bem na vida sem a menor culpa ou a menor punição. Isso ia contra tudo que me ensinavam, tudo que eu lia sobre um Deus justo, tudo que eu esperava que fosse verdade.
Hoje eu até invejo em certo ponto a esperança cega dos crentes, a esperança de uma outra vida melhor, a esperança de recompensa após a morte ou de uma outra chance, recompensa de dinheiro se der de bom grado 10% dos ganhos para alguma Igreja. Aquele sentimento egoísta mas reconfortante de que se fizer o bem, o bem será feito a mim. Isso faz falta.
Mas o que me faz mas falta é a crença no "Deus sabe o que faz", "Ele fecha uma porta mas abre uma janela", "Ele escreve certo por linhas tortas" e, principalmente o "vai chegar a hora certa". Essa fé quando tudo a mais dá errado, essa sensação de que não foi nossa culpa e de que não precisamos fazer nada pois tudo o mais Ele o fará e que o mundo é cor-de-rosa é muito legal. Disso eu sinto falta, falta da esperança de que se eu não me esforçar mesmo assim vou ter os mesmos resultados "se Deus quiser, e Deus quer!".
É muito fácil viver assim, sempre esperando pelo futuro, sempre sabendo, ou achando que, todas as injustiças e reveses que sofremos fazem parte de um plano maior para nosso bem. Só quem é materialista sabe como é duro ver um plano frustrado e ter que começar do zero outra vez, a responsabilidade de tomar uma decisão sem "saber" que é orientado por algo que sabe tudo e só quer o nosso bem.
É difícil e estressante ser o tempo todo o responsável pelo próprio destino, é mais difícil sem saber se o fim é mesmo o fim ou só uma passagem.
É mais fácil acreditar.