janeiro 30, 2025

Vida pela metade.

Eu não queria, achei que fosse a última vez, mas acho que vou ser obrigado a passar por aqui mais uma vez, pelo menos. Essa vez não está valendo, não por inteiro, não por completo.

Eu tenho uma vida pela metade, nunca todas as peças estão lá ao mesmo tempo. Se tenho um lugar para ir, não tem companhia, se não precisa de companhia, não tenho tempo. Se tenho uma companhia que em teoria deveria ser fixa, ela nunca está lá. Se sobra tempo, falta o que fazer. Se tem mais de uma coisa para fazer, é no mesmo horário.

Sempre tem algo faltando, sempre tem alguém faltando, sempre estou pensando que a outra escolha teria sido melhor. Sempre tem um espaço a ser preenchido.

Até ser sozinho eu não consigo, porque sempre tem alguém precisando que eu esteja lá. Acho que até no final, de algum modo, vai faltar algum detalhe que me impeça de ir totalmente.

janeiro 02, 2025

Acabou.

Não comemoro datas especiais. Nenhuma. Não vejo nada diferente no dia do meu aniversário, Natal, Ano Novo, dia comemorativo da minha profissão... pelo menos é feriado. Ponto pra ele.

Todas as datas é sempre a mesma coisa para mim, não gosto de ser parabenizado, presentear ou ser presenteado. A maioria faço mais por um hábito arraigado de convivência social que por qualquer significado, mas não ligo se não recebo os presentes que dou, mas sempre me sinto em dívida quando não retribuo, principalmente se não sei como poderia retribuir.

Mas esse Reveilon de 2025 foi diferente. Quando deu meia noite e 2024 finalmente virou passado, senti uma sensação de leveza, como se o mundo tivesse saído de cima de mim e o sangue finalmente tivesse voltado a circular que, juro, quase senti uma dormência física. Foi uma alegria que teve que ser contida pois estava em público, mas meu espírito caiu de joelhos e chorou enquanto meu rosto tentava olhar para os fogos, agradecendo a penumbra, e tentando secar as lágrimas no vento.

Não eram lágrimas de tristeza ou alegria, mas de alívio, não era mais 2024.

De longe, foi o ano mais difícil que eu tive. Escolhas erradas, apostas perdidas, aleatoriedades, planos desfeitos, problemas que foram gerados não por mim, mas para mim, desprezo e ser preterido sempre que tiveram oportunidades. Um ano que terminou eu precisando estar onde não quero mais estar, mas preciso quase desesperadamente, me fazendo sentir um dos funcionários mais antigos do mundo, no limite do literal.

Não sei o que vou ter que atravessar esse ano, os espinhos que estão no meu caminho prontos para tirar o resto de sangue da minha pele, mas acho que só o fato de não ser provável que seja igual ao ano que terminou já me dá uma pouca esperança.

Atualização: durou apenas cinco dias.