abril 16, 2016

Nada para ninguém comemorar domingo.

Amanhã, domingo, haverá a tão aguardada votação pela continuidade ou não do processo de Impeachment da presidente Dilma Rousseff. Independente do lado que você apoie, independente do resultado amanhã, não há nada a ser comemorado.
Não a nada a comemorar porque é impossível não sentir vergonha de um Governo atolado até o nariz em irregularidades que lavaram a esse processo.
Não a nada a comemorar porque é vergonhoso a compra de deputados usando cargos em Estatais, Autarquias e Ministérios.
Não a nada a comemorar porque tem muitos deputados votando de acordo com interesses nesses cargos, não baseados na sua ideologia ou opinião sobre o processo. E foi essa ideologia que os levaram a conseguir votos para o cargo de deputado, teoricamente.
Não a nada a comemorar porque, se aprovado, o processo será enviado ao Senado e a presidente afastada por até seis meses até a votação final. Mais seis meses de incerteza.
Não a nada a comemorar porque se recusado, continuaremos com uma presidente sem poder efetivo, com pouca representatividade na câmara e, para fazer qualquer coisa, precisará comprar deputados com dinheiro público. Uma vergonha para compradores e comprados.
Não a nada a comemorar porque foi esse governo que nos levou a essa situação. 2016 nos faz ter saudades de 2015. 2017 nos fará ter saudades de 2016.
Não a nada a comemorar porque caso entre um governo novo, a princípio terá apenas seis meses para fazer alguma coisa, enfrentando a sombra da falta de legitimidade e um Estado completamente aparelhado, inchado e com excesso de burocratas indicados a altos cargos por interesses apenas políticos, e não técnicos.
Não a nada a comemorar porque caso o processo seja arquivado, outros surgirão e o País ficará nessa inércia até 2018.
Não a nada a comemorar porque caso o processo passe, os militantes, movidos mais pela emoção que pela razão, farão de tudo para que o Governo novo não trabalhe, inclusive contra os interesses do País.
Não a nada a comemorar porque essa presidente eleita não governa mais, ou afastada por causa de crimes fiscais cometidos ou, pior, afastada por um aliado que já está, "de facto", governando sem legitimidade alguma, na qualidade de Ministro com posse suspensa e investigado por esquemas, no plural, de todo tipo de corrupção que pode ser tipificado.
Não a nada a comemorar porque segunda-feira, e por muitas segundas-feiras ainda, viveremos normalmente no meio de uma crise política, econômica e de valores, em todos os níveis, sem perspectiva de melhoras.
Não a nada a comemorar porque segunda feira vamos trabalhar com a mesma desesperança, porque nada mudará de forma rápida. E se mudar, é pouco provável que seja para melhor.
Seja qual for o resultado amanhã, não há um único motivo para comemoração, visto que o Brasil continuará sendo resgado em um cabo de guerra pelo poder, no meio de um túnel onde não dá para ver a luz em seu final.

abril 06, 2016

Pedalando e Andando.

Deixou de funcionar mais ou menos assim: Nos últimos 15 anos o país teve um crescimento de consumo, sem crescimento de produção, anabolizado artificialmente por uma política de crédito fácil e renúncia fiscal. Uma bolha. Quando as pessoas viram que as prestações estavam estrangulando o orçamento mensal (vulgo salário) pararam de consumir.
Enquanto havia consumo, mesmo com a renúncia fiscal (quantas reduções de IPI passamos?) havia arrecadação e dinheiro para manter os programas sociais que o atual Governo usa como propaganda. Volto a isso. Quando o consumo começou a cair a arrecadação desabou junto. 
Mas era ano de eleição.
Voltando aos programas Sociais, o Governo atual os usa como principal carro chefe do que ele fez, ou deixou de fazer. Ao meu ver, um país que aumenta o número de pessoas que precisam de programas sociais não está num rumo bom, mas... é questão de opinião. Retomando o pensamento, em ano de eleição, os programas sociais deveriam parecer sólidos, ou a única bandeira do governo iria por água abaixo.
Com a corrupção generalizada má administração do atual Governo, que levou o país a uma recessão e consequente diminuição de arrecadação (repito porque é importante) o Governo usa o dinheiro dos bancos públicos, como uma espécie de cheque especial, para manter sua propaganda. Isso é proibido por lei. E nem paga juros aos bancos.

A Lei diz que caso haja necessidade de captação de recursos por empréstimos, em bancos privados, pagando os juros de mercado.
Mas o pior foi maquiar os balanços anuais para que o rombo nas contas públicas parecessem normais. E isso, em qualquer parte do mundo civilizado, é ilegal.
Se uma empresa adultera os Livros Caixa para que passivos sejam vistos como ativos, ela é penalizada e seus contadores e diretores presos. Se é um Governo, os responsáveis têm que ser destituídos. Simples assim. Não é político, é jurídico. É ético.
Mas, lembremos, estamos no Brasil.
E foi assim que as coisas deram errado.