fevereiro 28, 2008

Satisfação profissional .

Tem horas que me desanima o fato de eu ser professor. Não é o fato da profissão ser pouco valorizada, os salários serem baixos ou o estresse a que somos submetidos. Quando um aluno pede que eu fique na turma dele, ou volte para o colégio de onde saí compensa muita coisa que aturo. O que me desestimula mesmo mesmo em ser professor, mas do que trabalhar como professor, são alguns "colegas de classe". Gente igual a mim, com um diploma superior, aprovação em concurso público, às vezes até especializações e mestrado, que simplesmente não entendem - ou não querem entender - o óbvio. Por mais que eu explique, dê exemplos e até desenhe, eles simplimente não conseguem entender um pensamento diferente daquela doutrina que escolheram seguir.
Tem muito professor por aí que é um profissional amargurado, que detesta o que faz (ainda não cheguei nesse ponto) mas que se escondem hipocritamente por trás de um "amor à educação" para ciontinuar em sala de aula, enquanto está ali só para pagar as contas.
Todo mundo sabe que professor da rede pública ganha pouco, então porque fazer um concurso? Para ter estabilidade, para poder faltar sempre quando se tem uma diretora condencendente, para ter várias opções de horário de trabalho, para ter algumas regalias que em uma escola particular não teria? Mas, mesmo com essas facilidades ainda estão muito insatisfeitos com o salário, como se só o salário importasse.
Aqui eu tenho que repetir: concordo que o salário é baixo para o que nós estudamos e a responsabilidade que temos de dar algum tipo de conhecimento às pessoas na época da formação do caráter dela.
Continuando.
Acho que o salário nem é o principal problema da educação pública. Acho que o sucateamento e abandono das escolas seguido da desvalorização dos professores aparecem antes. Mas se tem gente que está tão decepcionada com o salário, abandonem e vão fazer alguma outra coisa para ganhar dinheiro! Só que abandonar o emprego público ninguém quer. Ninguém gosta, mas todo mundo quer continuar. Fico imaginando como esses educadores, ressentidos e amargurados, entram em uma sala para darem aula. Como será que eles encaram uma turma bagunceira? O que será que eles pensam na hora de repetir uma explicação?
Não consigo acreditar que professores tão insatisfeitos assim ministrem uma boa aula. Pelo contrário, acho que eles entram na sala e enganam os alunos, fazem o tempo correr sem nem sequer disfarçar o descontentamento por estar ali. Acho que professores com essa postura prejudicam mais a educação pública que os baixos salários ou equívocos nas políticas governamentais.

fevereiro 24, 2008

Barbárie.

Jogo de macho.

fevereiro 18, 2008

Pequenas coisas.

Após uma certa idade, a quantidade de pessoas que conhecemos se torna surpreendentemente grande. Pensando em todos os nossos conhecidos, após algumas dezenas, quando achamos que lembramos de todos sempre nos recordamos mais um. Um antigo colega de escola, um de trabalho, amigos de amigos e até, por que não?, conhecidos de internet, de Orkut. Alguns nos acompanham por anos, outros afastam-se logo cedo.
Claro que no meio de tanta gente existem aqueles que gostamos muito e aqueles que temos pouca afinidade e até mantemos meio afastados. Acabamos, mesmo sem querer, sabendo mais que deveríamos sobre eles - e eles sobre nós. Acabamos por aprender a ver o mundo de outra forma, a entender como pequenos detalhes, para nós insignificantes, para uma pessoa que não os pode apreciar passam a ser de extrema importância.
Não lembro qual foi a última vez que parei para ver o pôr ou o nascer do sol, atrasar minha caminhada apenas para olhar uma paisagem ou simplesmente olhar o vento balançando as folhas em uma árvore. Simplesmente ignoro esses momentos porque estou com pressa, ocupado ou simplesmente fazendo nada.
Para uma pessoa que passa um tempo fechada em um quarto, olhando todo dia uma mesma paisagem da janela, acordar cedo e dirigir 130Km para ver um nascer do sol, caminhar sem rumo apenas para sentir uma brisa no rosto, fotografar um pássaro em uma árvore ou uma flor em um jardim, ou mesmo brincar com seu animal de estimação são de um prazer indescritível.
Me envergonho por não dar o devido valor a essas coisas, mesmo sendo piegas. Coisas triviais que faço ou deixo de fazer no piloto automático. Coisas que ignoro e que talvez nem sinta falta se ou quando não tiver mais. Coisas simples e sem valor para mim, que posso tê-las no momento em que quiser.
Tenho que aprender, me condicionar a prestar mais atenção ao mundo ao meu redor. Tenho que agradecer e dar valor a tudo que tenho e posso ter. Tenho que desligar o ar condicionado do carro mais vezes e abrir o vidro apenas para sentir o vento de um dia quente. Tenho que fazer muitas coisas. Talvez assim, mesmo sem notar, me torne uma pessoa melhor.

fevereiro 13, 2008

Carros de Homens.


O problema só é passar nos quebra-molas.

fevereiro 11, 2008

Microcosmos.

A Lapa, tradiconal bairro do boêmio do Rio passou décadas equecida por causa do abandono e da violência no Centro da Cidade, principalmente a noite. Na década passada foi redescoberta e rebatizada como point dos new boêmios, ou seja, virou um bairro da moda.
As maiores vantagens de lá são a localização (Centro) e a variedade de programas. Num mesmo quarterão existem opções que variam do forró ao rock and roll, passando por samba, pagode e o infelizmente onipresente funk. Embora lugares diferentes sejam naturalmente freqüentado por pessoas diferentes, na Lapa parece não haver atrito entre essa diferentes tribos, termo, aliás, que eu não suporto, mas na falta de outro melhor...
Na praça dos Arcos pode se ver uma barraca de bebidas tocando música eletrônica de um lado enquanto se ouve funk do carro de algum playboy do outro. E há respeito pelo espaço alheio. Funkeiros e alternativos e clubbers muitas vezes estão na mesma rodinha jogando papo fora. Um exemplo de tolerância a ser seguido.
Agora se saírmos de lá e formos para qualquer bairro de subúrbio perdemos esse ambiente de respeito. Se alguém para com o carro ouvindo, por exemplo, um Legião Urbana chega um mané com um som - que normalmente tem volume alto e baixa qualidade - ouvindo funk só para dizer que o som dele é mais alto. Se tem alguém ouvindo um REM e se balançando ao ritmo da música, uns manés ficam apontando e rindo, como se não fosse igual estar se rebolando ao som do Créu. Triste.
Me pergunto o que faz da Lapa um lugar onde as diferenças são respeitadas se prá lá vão exatamente as pessoas dos mesmos bairros onde há essa intolerância, muitas vezes são as mesmas pessoas.

fevereiro 07, 2008

Excelente!

"QUANDO VIERAM atrás das lâmpadas incandescentes, não protestei porque já me habituara a ler à luz de outras; quando baniram os bifes, não disse nada porque podia comer pizzas; quando eliminaram os transgênicos, tampouco reclamei, pois meu salário bastava para comprar alimentos orgânicos; quando proscreveram os vôos internacionais, dei de ombros, pois já conhecia Paris, Londres, Veneza; quando tornaram proibitivo o uso de automóveis, obrigando todos a se aglomerarem em ônibus e metrôs, calei-me porque trabalhava em casa; quando plastificaram as genitálias alheias para limitar a produção de bebês, ri da história porque não me dizia respeito; quando criminalizaram a sátira, os comentários politicamente incorretos, a obesidade, o fumo etc., aí, obviamente, já era tarde demais para abrir o bico."
Nelson Ascher sobre texto de Martin Niemöller (1892-1984), na Folha de segunda-feira.

Quase desistindo.

Em alguns momentos eu realmente não vejo jeito para a situação desse país. Nem a longo, nem a médio e muito menos a curto prazo. É uma roubalheira sem fim, uma sucessão de escândalos com intervalos que não chegam a semanas. Uma falta de vontade de se apurar e punir os culpados. Uma apatia da população sem igual.
É triste. Desolador.
Dizem que os governantes são reflexo do povo e eu estou começando a acrditar nisso. Vejo pessoas esclarecidas, com uma formação superior inclusive, defendendo com unhas e dentes essa cambada de calhordas que roubam nossos cofres. É inacreditável, inaceitável que gente honesta possa compactuar com essas amoralidades que estão por aí. E não porque não entendem a situação, é porque, para essas pessoas, o roubo não é problema dependendo do ladrão. Para alguns grupos, em nome de alguns "ideais" todo crime é lícito. O que define um crime não é a ação, é o criminoso. Se o criminoso tiver ou disser ter os mesmo ideais passa de uma bandido a um Robin Hood.
Essas pessoas perderam completamente o senso de moral. Completamente. Me dá medo a forma com que podem e influenciam pessoas menos preparadas, já que têm até um certo nível cultural, e nenhum moral, suas opiniões ganham um peso. Talvez o mais grave seja que eles são tão roubados como eu, como todos. Não ganham nada, apenas perdem em educação, saúde, segurança. Perdem a auto-estima de ser de uma país conhecido pelo jeitinho, que é apenas um eufemismo para a corrupção.
Pessoas assim me tiram toda a esperança. Vítimas esclarecidas de déspotas esclarecidos.