fevereiro 28, 2007

Liberdade e independência.

Liberdade e independência são conceitos, bonitos que todos ficam repetindo que querem e defendem para suas vidas. Repetem iguais a papagaios repetem "loro quer biscoito", sem a menor convicção, sem a menor idéia do que estão falando.
A maioria das pessoas não agüentaria a liberdade total, não fomos acostumados a isso, a sociedade não deixa sequer transparecer que essa idéia seja possível. Pessoas dependem de que outras se interessem, perguntem pela vida, ouçam o que tem a dizer. Pessoas gostam de ser fiscalizadas, umas mais e outras menos, mas todos gostamos. Algumas pessoas gostam até de dar satisfações do que fazem, ou parte do que fazem para amigos e, até, desconhecidos.
Não agüentaríamos um mês sem ninguém tomando conta da nossa vida. Ou tentando tomar conta. Talvez por isso os blogs ainda sejam meio que uma moda.

fevereiro 19, 2007

Carnaval e compostura.

Carnaval, para mim, é só mais um feriado que cai na terça e aproveito para emendar a segunda. E ainda tem quarta, que teoricamente é dia útil a partir do meio-dia. Historicamente e religiosamente marca o início da quaresma - um período de penitência e meditação - que antecede a Páscoa. Isso explica o clima de liberou geral inerente aos festejos de Momo. Só que atualmente, como ninguém respeita a quaresma mesmo, não faz sentido liberar geral só no carnaval já que esse é o clima do resto do ano.
Mas existem pessoas que esperam o caranval o ano todo para fazer o que querem com a desculpa "Ah, mas é carnaval, são só quatro dias!". Tá, ok, são quatro dias de folia, mas por que não manter a atitude de festa, de inibição, de despreendimento o resto do ano? Pessoas que tem um comportamento imaculado o ano inteiro passam quatro dias flertando com a promiscuidade, machões e machistas que passam quatro dias de salto, maquiagem e uma calcinha enfiada na bunda desfilando de salto e andando com mais "graça" que as mulheres, só para ter alguns exemplos. O que faz pensar que as besteiras feitas nesses quatr dias de idolaria à Momo devam ser esquecidas, devam ser riscadas da biografia?
Na verdade eu fico com pena dessas pessoas, elas vivem uma mentira. Não uma mentira por quatro dias, mas uma mentira o resto do ano. Em quatro dias de festejos elas são o que realmente querem ser, nos outros dias estão fantasiadas, com máscaras, fingindo que vivem a vida que escolheram. É triste não ter coragem para assumir os erros e mudar de direção e ter apenas quatro dias para esquecer os fracassos, as escolhas erradas e a infelicidade que insite em nos rondar o ano todo.
Talvez seja isso que me incomode no carnaval, que sempre me incomodou no carnaval, a falta de máscaras, em um sentido figurado, para as pessoas serem o que são. Passo o ano todo convivendo com máscaras de felicidade escondendo rostos de agonia, e quando as máscaras refletem a verdadeira felicidade, essa felicidade tem dia e hora para acabar.
Não é a felicidade que me incomoda, é o prazo que ela tem para durar, é o contraste com o resto do ano. Talvez por isso eu não pule carnaval, prefiro não retirar (colocar?) minha mascara de felicidade, prefiro usar o mesmo rosto do resto do ano. É mais honesto comigo mesmo.

fevereiro 12, 2007

Improbabilidades e azar.

Dizem que o que chamamos de azar é apenas uma probabilidade aleatória que fez algo ruim acontecer com a gente. Dizem que todo dia acontece algo com alguém que pode ser encarado como "azar". Em um mundo de seis bilhões de pessoas, dizem, os números explicam as desgraças que acontecem, é apenas um jogo de probabilidades.
E quando em seis blhões de pessoas no mundo, dez milhões na cidade, essa coincidências acontecem sempre com a mesma pessoa? Quem explica?
Eu sou azarado.

fevereiro 06, 2007

Ficando para trás.

Tem horas que parece que a vida passa mais rápido para os outros que para mim. Parece que o senso de responsabilidade, o "juízo" chegou pro resto do mundo e me excluiu. É estranho.
Se eu relacionar todos os meus conhecidos mais próxmos, a maioria já casou e/ou teve filhos. Os que ainda não tomaram essa decisão, ou foram forçados a ela por um descuido, pensam seriamente em fazer isso. Parece que há um código secreto na socieade que quando se chega a uma certa idade (mais ou menos 30 para homens e 25 para mulheres) se tem que assumir um compromisso sério ou então passamos a ser mal vistos, vistos como coitados fracassados que não conseguimos achar a "alma-gêmea", ou como irresponsáveis avessos a uma vida adulta. Ainda se tem como senso comum que para ser feliz é preciso estar acompanhado, como se a maioria das pessoas infelizes não fossem casadas ou já tivessem sido casadas.
Não sinto inveja de quem decidiu por esse caminho, só que não é para mim. Me sinto bem com toda essa liberdade, com o caminho individual que escolhi. Certas coisas eu sei de antemão que não são para mim, não vou fazer o que eu não quero apenas para me enquadrar num clichê social.
A única coisa ruim dessa história é que com os casamentos e filhos as pessoas tendem a se afastar e eu perco um pouco de companhia para sair.