Redes sociais, com ênfase no social, serve para poucas coisas. Ver vídeos e fotos engraçadinhas, saber de alguma notícia do bairro, saber a programação dos bares que eu gosto de frequentar. Consegui transformar meu algoritmo em quase apenas esse tipo de coisa, mas é quase, apenas.
Muitas vezes, em algumas datas, ele acaba me mostrando posts pessoais de pessoas que eu conheço, ou já conheci. Quando acontece isso é quase que inevitável comparar aqueles momentos, fotos fora de contexto, momentos congelados no tempo, com o meu momento.
Fico com uma certa inveja de ver que todo mundo tem tempo, dinheiro, companhia e eu não tenho mais nada disso. Chego até duvidar se um dia eu tive, se alguma vez era por mim, para mim, ou só estava no lugar certo seguindo a onda dos outros. Em segundos a inveja vira tristeza.
Vejo amigos se reunindo, casais comemorando, ou apenas mostrando que têm um tempo de qualidade juntos. Não tenho isso há não sei mais quanto tempo. Faço parte de um casal, acho que ainda faço, tento fazer mas não me sinto parte, enfim, mas não tenho companhia, não estamos juntos em momento nenhum.
Tenho amizades sólidas, firmes, aqueles amigos que ficam muito tempo sem se encontrar e a conversa flui como se tivesse sido interrompida na noite anterior. Mas esse muito tempo sem se reunir está cada vez mais "muito tempo", e o reunir cada vez mais "sem".
Não consigo descobrir o que houve, não consigo entender o que eu possa ter feito ou falado, mas hoje na prática eu não tenho amigos, não sou a metade de um casal.
Eu apenas continuo, estando aqui para eles, como sempre, porque eu sou o amigo, eu sou a companhia, embora não tenha nunca cobrado reciprocidade, ela tem feito falta.
Preciso de amigos novos, preciso de ambientes novos. E, mais que tudo, eu preciso não estar mais disponível para quem some e só se lembra de mim quando precisa. Mas sei que nem uma nem outra coisa irão acontecer.