Depois não adianta.
Já são nove anos desde o problema que deixou ela reclusa. Desse tempo para cá a única coisa que eu ouço é "preciso ir lá, preciso ver como é que está". Desse tempo pra cá o única coisa que eu vejo é estando na mesma rua não poder tirar cinco minutos para realmente ver como está, para agir de acordo com o que me falam. Antes desses nove anos, muitos anos se passaram sem uma visita, um telefonema, mesmo estando perto.
Esse tipo de descaso realmente não me incomoda, o que me incomoda é a choradeira hipócrita de desculpas esfarrapadas de falta de tempo quando todos sabemos que é falta de interesse, de falta de consideração. É a força que eu faço para sorrir não contestando, mas nem fingir que acredito finjo mais.
Depois, quando não for mais possível, não quero que me encham o saco, não quero falsos pedidos de perdão com igualmente falsos arrependimentos. Não me peçam que os desculpem, não foi a mim que prometeram visitar, peçam desculpas a quem vocês diziam que queriam ver.
Quando a mimm me esqueçam.